Pesquisa desenvolve embalagens comestíveis
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – pela unidade de pesquisa em Agroindústria Tropical, ganhou um novo laboratório de Embalagens de Alimentos, para fomento das pesquisas que desenvolvem filmes invólucros biodegradáveis e comestíveis para alimentos. As embalagens são confeccionadas a partir de produtos orgânicos típicos do Ceará, como algas, cera de carnaúba e goma de cajueiro, para efeitos de diminuição da produção de lixo.
Os filmes biodegradáveis e comestíveis são úteis para revestir alimentos em condições melhoradas de preservação, ou para prolongar a qualidade do alimento para consumo. Os comestíveis são ideias para revestimento de frutas, sejam elas inteiras ou fatiadas. De acordo com a pesquisadora Henriette Azeredo, além disso, a pesquisa revela outra preocupação, que parte do ponto de vista da sustentabilidade. “A gente trabalha, principalmente, para tentar diminuir a geração de lixo pelas embalagens convencionais”.
Segundo o estudante Alison Ribeiro, que é bolsista do projeto, ambos os tipos de embalagem são extraídos de materiais orgânicos – como polpa de frutas, fécula de mandioca e goma de cajueiro, e acrescidos de ingredientes que vão alterar as propriedades do material. A pesquisadora ressalta que as matérias primas são de frutas e outros produtos orgânicos característicos da região Nordeste.
Cada embalagem vai ser alterada de acordo com o fim desejado para o invólucro, seja ele elasticidade, impermeabilidade, conservação, e outros. Um exemplo de ingrediente é a cera de carnaúba, que possui bons resultados no quesito impermeabilidade.
O trabalho tem ainda uma linha de pesquisa em nanotecnologia, na qual, de acordo Henriette, “se usa nanoestruturas para melhorar a propriedade das embalagens, ou para incorporar funções adicionais – como, por exemplo, propriedades antibacterianas, que aumentam a estabilidade do alimento”.
As embalagens biodegradáveis, conforme Henriette, possuem propriedades que, em condições ideais de exposição ao solo, podem se degradar em semanas. Diferente das plásticas, que podem levar séculos se degradarem.
Rumos e desafios
O desafio dos estudiosos, segundo Azeredo, é sensibilizar o setor industrial, já que as embalagens são extraídas de materiais orgânicos, que custam bem mais caro do que as embalagens comuns, extraídas do petróleo, por exemplo. “Não é fácil convencer as empresa. Por isso, que a gente precisa de muita pesquisa, para melhorar o desempenho dessas embalagens biodegradáveis. O grande desafio é diminuir os custos”, explica.
Segundo a pesquisadora, a entidade pretende também, por meio de outra linha de pesquisa, passar a desenvolver estudos sobre “embalagens inteligentes”, a exemplo de produtos congelados cujas embalagens têm indicadores de temperatura para mostrar se o produto não sofreu abuso de temperatura.
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