Embalagens vão mudar símbolo para melhorar coleta
O Ministério do Meio Ambiente e a Associação Brasileira de Embalagens (Abre) assinaram anteontem um pacto setorial para ampliar o número de empresas que usam o símbolo de descarte seletivo nas embalagens de seus produtos. Até agora, poucos segmentos adotaram o símbolo, com destaque para a indústria alimentícia. Gigantes como a Kraft Foods, a Nestlé e a BRF Brasil Foods estão entre elas. O símbolo mostra um homem descartando a embalagem em latões destinados ao lixo reciclável em vez de jogá-la no lixo comum.
"A ideia é que a Abre atue junto aos seus associados para que eles mudem o símbolo utilizado. O símbolo anterior pertence a uma época em que era preciso educar o cidadão para jogar 'o lixo no lixo'. Agora estamos dizendo: 'jogue o lixo no lixo certo'", explica Carla Miranda, analista ambiental do ministério.
A educação do público é considerada estratégica para a coleta seletiva e a logística reversa instituída pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos, de 2010. Até porque a lei prevê penalidade para o cidadão, caso não cumpra sua parte na chamada gestão compartilhada de resíduos sólidos.
"A partir de agosto de 2012, os municípios terão de apresentar planos de gestão de resíduos, com metas territoriais de coleta seletiva. E, se o munícipe não cumprir sua parte - a separação dos resíduos úmidos dos secos -, levará uma advertência e, em caso de reincidência, a lei prevê multa de R$ 50 a R$ 500", diz Simone Paschoal Nogueira, coordenadora de legislação da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (Abre). "O consumidor é importante nesse processo porque é o primeiro elo da cadeia de reciclagem", afirma Luciana Pellegrino, diretora executiva da Abre. Ela reconhece, porém, que poucos consumidores leem os rótulos das embalagens.
"Hoje não chega a 5% o total de consumidores que lê o rótulo. Mas o assunto agora está sendo levado de modo mais efetivo para o consumidor." Luciana diz que a meta é atingir mil produtos por ano usando o novo símbolo.
Para Carla, a iniciativa faz parte de uma série de medidas para "induzir o consumidor a ter consciência sobre que tipo de critérios aquele produto ou embalagem atendem." Trata-se, diz, de um estímulo ao consumo consciente. "Porque, no fundo, é o consumidor que vai dar consistência à sustentabilidade."
Outro extremo. Na outra ponta, o governo aprovou, nesta semana, decreto que prevê desconto de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as empresas que adquirirem insumos reciclados diretamente de cooperativas. "É o primeiro movimento do governo federal para cumprir algo previsto na própria lei, que menciona incentivos fiscais para fomentar a logística reversa", diz Simone Nogueira, da ABLP. "As cooperativas terão de se estruturar muito bem para suprir a demanda da indústria."
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