Novas embalagens levam prêmios
O futuro da comercialização de alimentos trará tranquilidade aos consumidores e está mais próximo do que parece, já que as embalagens inteligentes e ativas já não são mais novidade no ramo de pesquisa de Engenharia de Alimentos. Ainda assim a aluna Luana Baptista Golasz e o egresso Alexandre Ferrari, do curso de Engenharia de Alimentos, conseguiram inovar e seus trabalhos de conclusão foram premiados.
No início de maio, o TCC de Luana, intitulado “Desenvolvimento de embalagem inteligente com antocianinas para o monitoramento da deterioração de carne suína refrigerada”, tirou o terceiro lugar na categoria geral do Prêmio Leopoldo Hartmann, concorrendo com trabalhos de Mestrado e Doutorado do país inteiro. “Foi uma surpresa muito boa, pois houve uma grande dedicação em função deste trabalho. Por ser um assunto em evidência, sabia da importância desta pesquisa e, assim, busquei desenvolvê-la para que contribuísse de maneira efetiva com o assunto”, conta Luana.
Já o trabalho de Alexandre, “Desenvolvimento e avaliação de embalagem ativa antimicrobiana de quitosana”, está classificado entre os três melhores na categoria Ciência e Tecnologia de Alimentos do Prêmio Henry Nestlé. Em agosto o diplomado irá a São Paulo fazer uma apresentação oral de sua pesquisa, que poderá ficar em primeiro lugar. “O prêmio de Luana e a classificação de Alexandre são, em primeiro lugar, formas de reconhecimento dos seus esforços. Para a graduação são muito importantes, pois mostram a excelência do curso aqui da Unisinos”, comemora a coordenadora do curso de Engenharia de Alimentos, Suse Botelho da Silva.
Como as bioembalagens funcionam?
Atualmente é preciso confiar no fabricante em relação ao prazo de validade, ou no comerciante, em relação ao armazenamento de alimentos. Mas isto está prestes a mudar. Muito mais do que uma barreira entre o alimento e o ambiente, as bioembalagens interagem com o produto para prolongar sua validade, manter nutrientes e propriedades e comunicar o consumidor quanto sua condição para o consumo.
Essa interação ocorre por meio de sensores e indicadores que se baseiam em reações químicas, enzimáticas, imunoquímicas ou reações mecânicas. Eles podem ser inseridos no corpo ou no interior da embalagem para detectar e comunicar informações como temperatura, adulteração, deterioração do produto acondicionado, frescor e amadurecimento de commodities agrícolas, crescimento microbiano, presença de glúten, toxinas e outras substâncias.
No caso do trabalho premiado de Luana, a embalagem de diagnóstico contém antocianinas (corantes naturais hidrosolúveis), que ficam dentro da embalagem e monitoram a qualidade para o consumo da carne suína por meio da mudança de cor. “Uma das principais características das antocianinas, é a mudança de coloração em função do pH do meio, assim conforme a variação do pH e a mudança de coloração da biofita, é possível verificar se a carne está própria ou imprópria para o consumo”, explica a graduada.
Segundo ela, essa característica da mudança de cor das antocianinas frente a variações de pH, as tornam substâncias em potencial para a utilização em embalagens inteligentes biodegradáveis. No caso de produtos cárneos refrigerados, que podem ser alterados por microrganismos psicrotróficos, o início da degradação é acompanhado por um aumento no valor do pH, além do aumento no número de bactérias e na capacidade de hidratação das proteínas da carne.
Apesar de ser um mercado em expansão principalmente nos Estados Unidos, Japão e Europa, as embalagens inteligentes e ativas já ocupam seu espaço nas prateleiras aqui no Brasil. Rótulos de bebidas que mudam de cor quando estão na temperatura ideal para o consumo são um exemplo conhecido deste tipo de inovação. “Aqui no Brasil há uma grande preocupação do consumidor sobre como o produto é produzido, armazenado e com embalagens de baixo impacto ambiental”, comenta Suse.
De acordo com a coordenadora, além do benefício da interação com o alimento, a pesquisa sobre novas embalagens mostram a preocupação com o meio ambiente. As novidades ficam por conta de materiais à base de produtos orgânicos, que são biodegradáveis. “Este é o caso do trabalho do Alexandre, que desenvolveu uma embalagem à base de quitosana que combate micro-organismos”, afirma.
As embalagens inteligentes futuramente terão grande aplicação comercial. A produção em larga escala para produtos para exportação que precisam seguir em condições de temperatura controlada, onde a etiqueta poderá mudar de cor indicando alterações e até deterioração durante o trajeto até o destino final é uma das possibilidades.
Fonte: http://www.juonline.com.br/index.php/graduacao/08.06.2012/novas-embalagens-levam-premios/2ad4
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