Nova lei sobre uso de sacolas plásticas divide especialistas em Joinville
Mariana Pereira | mariana.pereira@an.com.br
A Lei da Sacolinha, que começa a valer a partir do dia 14 em Joinville e, na prática, prevê o fim das embalagens plásticas nas compras em lojas e supermercados, divide opiniões entre especialistas e ambientalistas. Para o representante da Associação de Preservação e Equilíbrio do Meio Ambiente (Aprema), Sérgio Dall’Áqua, “demonizar” a sacolinha não resolve.
— A sacolinha é um símbolo, mas não é o grande problema —, argumenta.
Ele lembra que Joinville hoje recicla apenas 10% do lixo, quando em países desenvolvidos este índice pode chegar a 70%.
— O poder público tem que conscientizar a população e oferecer alternativas. Simplesmente proibir não é o caminho —, diz.
Uma possibilidade segundo ele, seria o uso de sacolas biodegradáveis. Mas esta alternativa também é alvo de questionamentos. Pesquisadoras da Univille, por exemplo, realizaram um estudo e comprovaram que alguns tipos de sacolas oxibiodegradáveis disponíveis no mercado não são totalmente biodegradáveis.
Os fabricantes garantem que o material se decompõe em 18 meses, mas a pesquisa da universidade comprovou que, mesmo após três anos enterrada no solo, a sacola não se deteriora.
— A sacola oxibiodegradável recebe um aditivo e, quando exposta à radiação solar, se fragmenta, mas estes pequenos pedaços não são biodegradáveis —, afirma a engenheira ambiental Luciana Prazeres Mazur.
O problema, segundo ela, é que, normalmente, as sacolas não ficam expostas à radiação solar antes de irem para o aterro, e neste caso, elas sequer se fragmentam e demoram tanto tempo quanto uma sacola comum para se decompor, sendo que este prazo é de aproximadamente 200 anos.
— A questão é que esses fragmentos podem ir para os rios e mares, onde são confundidos com alimento por animais marinhos —, diz a professora Ana Paula Pezzin.
As pesquisadoras esclarecem que não são contrárias à lei aprovada pela Câmara de Vereadores, mas questionam a validade da medida. Isso porque a maioria dos consumidores reutiliza as sacolinhas plásticas convencionais para embalar o lixo, e com a lei, acabarão comprando sacos de lixo que têm exatamente a mesma composição química e causam o mesmo impacto ambiental.
Para elas, a única vantagem da lei será a redução do desperdício.
— Hoje, as pessoas usam muitas sacolas, com a lei, o desperdício deve diminuir —, acredita Luciana.
Fonte: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default.jsp?uf=2&local=18§ion=Geral&newsID=a3865489.htm
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